Alternativa? Vencer, claro!

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Edilaine Aparecida da Silva é mãe de Victor Hugo, 10 anos e Luiz Henrique , 7 anos. Ela mora com os filhos e o marido na cidade de Santos Dumont (MG) e vai três vezes por semana para Juiz de Fora (MG), onde estão os profissionais que tratam o Luiz Henrique.

Redação e Edição: Carla Simone & Larissa Laviano

” Meu filho de 7 anos, Luiz Henrique, tem, além de TDAH, transtorno desafiador opositor (TDO), dislalia(*), discalculia(**) e disortografia(***). Mas nada disso foi impedimento para que, no último dia 14 de maio, eu tivesse a melhor notícia dos últimos tempos: ele tirou nota máxima em todas as matérias no  primeiro bimestre do ano letivo.”

 Quer conhecer essa história?

Leia a seguir!

Meu nome é Edilaine, sou casada e tenho dois filhos: Victor Hugo de 10 anos e Luiz Henrique de 7 anos.

Comecei a notar características do TDAH no Luiz Henrique em 2013. Levei ao Dr. Adriano Miranda, neurologista, que o diagnosticou com TDAH, receitando Ritalina e Neuleptil para ajuda-lo a se acalmar. O segundo remédio não surtiu efeito. Procurei Cristiane Duarte, psicopedagoga, que começou a acompanhá-lo no ano passado. Ele foi para mesma escola que seu irmão mais velho e, já no primeiro bimestre, tive a minha primeira tristeza, pois a professora disse que ele não estava conseguindo acompanhar a turma e, por isso, mandaria, além do dever de casa comum, um caderno de intervenção pedagógica, com exercícios específicos para suas dificuldades. Todos os dias, então, nós levantávamos cedo e começávamos a luta. Comentei com a Cristiane que ele estava muito atrevido, respondendo e desafiando a todos, não tinha medo de ninguém. Ela, então, me orientou a falar para o neurologista no dia da consulta. Seguindo suas recomendações, passei o relatório de Cristiane para o dr. Adriano e comentei dos atrevimentos do Luiz Henrique. Ele me disse que meu filho estava desenvolvendo comorbidades e que, diante das conclusões do relatório da Cristiane e do que eu estava relatando, eram: o transtorno desafiador opositor (TDO) junto com a dislalia (*), discalculia (**), disortografia (***). A escola, por sua vez, já havia relatado problemas motores. Aí fiquei sem chão: como faria meu filho aprender a ler e a escrever com tantos problemas? Corri atrás de tudo o que eu podia fazer para ajudá-lo. Em setembro do ano passado teve a reunião para entrega das notas do 3º bimestre e, como sempre, estavam mais baixas que as do bimestre anterior. Geralmente, quando tem reunião, as crianças não nos veem na escola, pois ficam com outra professora. Nesse dia, porém, eles estavam tendo uma atividade ao ar livre e meu filho me viu, veio até mim e disse de cabeça baixa, entredentes: “mãe, minha nota foi boa?”. Nossa, aquilo acabou comigo. Não sei de onde tirei forças, mas me abaixei, olhei bem nos olhos dele e disse: meu filho, sua nota foi ótima, eu adorei. Perto dele me segurei, mas quando saí da escola desmoronei: como eu ia ensiná-lo, como fazê-lo aprender? Pensei em desistir desses tratamentos todos, coitado, tem compromissos de segunda a sexta e não estão resolvendo nada, mas aguentei firme e fui persistindo. Em novembro a Luciana, professora dele, virou para mim e disse que era para eu ver o que queria fazer. Idade para ir para o 2º ano ele tinha, mas ainda não tinha conseguido ser alfabetizado, e isso ocorre no 1º ano. Perguntei então para ela: se fosse seu filho, o que você faria? Ela disse, sinceramente, que o reteria no 1º ano. Confiando nela, tomei a decisão mais difícil, mas também a mais acertada que já tomei: mantê-lo no 1º ano.

Hoje, dia 14 de maio de 2015, aconteceu a primeira reunião do ano, para entrega das notas do 1º bimestre. A professora Luciana deixou todas as mães irem embora e me disse, chorando: isso aqui, primeiramente, é mérito dele; depois, é uma vitória sua. Eu perguntei por que e ela disse que ele tinha tirado notas acima da média. Para mim, se ele tirasse 20 já era lucro (na escola dele, cada bimestre vale 100). Abri o  envelope já tremendo. Para minha surpresa, ele tirou 100 em todas as matérias! Nas provas não tinha nenhuma vírgula fora do lugar.

Quem me conhece fala que eu não tenho coração, pois não choro perto dos outros e nunca demonstro meus sentimentos. Nas festas das mães eu filmo a apresentação de todos porque eu não me emociono, enquanto as outras se acabam em lágrimas. Mas na hora que vi o boletim, não me aguentei e desatei a chorar. Quando saí da escola, liguei para todo mundo contando essa conquista. No ano passado eu saía da escola sem mostrar o boletim para ninguém; enquanto as outras mães exibiam o dos seus filhos. Eu escondia o do meu, não por vergonha, pois eu sabia das dificuldades dele, mas para que não contassem para seus filhos, que poderiam rir depois. Naquela época eu ainda não as conhecia o suficiente para confiar. Hoje já sei que elas não são assim.

Durante o ano passado sofri muito preconceito. Tem muita dificuldade envolvida, já que três dos profissionais que cuidam do Luiz são de uma cidade vizinha, ou seja, preciso me deslocar três vezes por semana. Há mais ou menos um mês comecei a reparar que ele estava tendo alguns surtos, o levei ao neurologista e comentei. Ele me disse que poderia ser crise de ausência de memória, que vem a ser a epilepsia no grau mais leve. Só saberei o resultado no dia 19 de maio.

Meu filho mais velho, Victor Hugo, de 10 anos, também foi diagnosticado com TDAH. Hoje ele já não toma mais medicação porque o transtorno estabilizou.

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Disortografia

 Jornalista Responsável: Carla Simone

7 pensamentos sobre “Alternativa? Vencer, claro!

  1. Essa é a maior história de amor, determinação e superação que já li, talvez não por ser contada por uma mãe, mas por ver nas entrelinhas externado de forma sutil o amor humano, capaz de passar por cima de barreiras e preconceitos para que seu filho seja inserido numa sociedade onde se rotula pessoas como “diferentes”, estando os mesmos à margem de tudo sendo tratados como descartáveis. Que esta história seja o pontapé inicial para outras jovens mães lutarem por seus filhos e num contexto geral ensinar-nos que vale a pena insistir e investir em qualquer ser humano, principalmente se tratando de um filho.

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    • Anderson, seu comentário nos deixa bastante contente! Nossa intenção aqui é justamente inspirar outras pessoas que passem por problemas semelhantes – ou às vezes nem tão semelhantes assim – e mostrar que basta insistir, não desanimar, que as coisas tomam seu caminho e, no fim, os esforços valem à pena! Especialmente quando falamos de filhos!!!
      Agradecemos pelo seu comentário! Você é muito bem-vindo aqui no nosso blog! Aguarde que em breve contaremos outras histórias!

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  2. Edilaine, já li e reli sua história várias vezes e em todas elas me emociono. Histórias assim que motiva a continuarmos nessa luta, não nos fazermos de vítima. Parabéns pelo esforço de vocês.

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  3. Belo exemplo de perseverança dessa mãe para com seu filho.Amor sem medida que a coloca como verdadeira gerreira em busca de uma melhor qualidade de vida para seu anjo .Parabéns por sua vitória! !! ! história belíssima que só nos motiva a continuarmos em nossa luta diária com nossos anjos Deus nos abençoe .

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